21/04/2015 15h27
- Atualizado em
21/04/2015 15h46
Formação rápida dificulta previsão de tornados, diz meteorologista
Especialistas explicam motivo de fenômeno ser raro no Brasil.
No entanto, área na região sul é mais propícia a ter formação climática.
A formação rápida dos tornados foi o motivo para que o fenômeno que
atingiu Xanxerê, no Oeste catarinense, na tarde de segunda-feira (20),
não tenha sido previsto com antecedência. Confirmado pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (Inmet), o
tornado deixou cerca de mil pessoas desabrigadas e causou a morte duas pessoas.
“Esse tipo de precipitação é muito rápida, se forma em poucos minutos, o
que torna de difícil previsão”, explica Rogério Rezende, meteorologista
do Inmet. “Países com alta incidência de tornados possuem equipes que,
às vezes, conseguem antecipar sua ocorrência, mas é preciso monitorar
dentro da nuvem”, aponta Rezende.
Outro meteorologista, Lúcio de Souza, também do Inmet, falou sobre o assunto à
GloboNews.
"O tornado é talvez o elemento meteorológico mais difícil de prever.
Você pode prever uma tempestade severa, como foi feito", explica Souza.
De acordo com o especialista, 98% das grandes tempestades não geram
tornados.
O Inmet informa que os ventos que formaram o Tornado em
Xanxerê
podem ter variado de 100 km/h até 330 km/h, já que derrubaram ao menos 5
torres de energia que suportariam até 200 km/h. A estação da entidade
localizada no município registrou ventos de 84 km/h, porém, fica longe
dos bairros onde ocorreu o tornado.
De acordo com o Inmet, foram emitidos avisos de que haveria condições
climáticas severas no dia, com tempestades atingindo o oeste de Santa
Catarina. Somente em 2015, 42 alertas como este foram realizados na
região Sul, mas apenas este culminou em tornado.
Tornado causou destruição em Xanxerê
(Foto: Laion Espíndula/G1)
“Como o Brasil é um país de baixa incidência de tornados, não é
realizado este tipo de monitoramento”, complementa o especialista. De
acordo com Inmet, ser um país tropical com poucas diferenças climáticas,
além da presença de muita água na região, que serve como
termorregulador, são fatores que ajudam para a não formação de
tornados.
“Nos Estados Unidos existem diferenças de temperaturas muito grandes, o
que influi na formação dos tornados”, acrescenta Rezende. “Aqui no
Brasil acontece apenas casos isolados, em épocas muito distintas”, diz o
especialista.
No entanto, para o meteorologista Lúcio de Souza, Xanxarê está
localizada em uma área - também formada Santa Catarina, Paraná e oeste
do Rio Grande do Sul -, com maiores possibilidades de incidência de
tornados. "È uma região onde existe choque de ar quente e úmido da
Amazônia, com o ar mais frio, que vem do oeste da Argentina", explica
Souza.
Como se forma um tornado
A escala de classificação de tornados começa em 65 km/h e chega a mais
de 500 km/h. O F0 é o mais fraco e o F5 é considerado o mais forte. O
fenômeno de Xanxerê foi classificado com danos de fortes a severos pelo
Inmet, devendo ficar entre F2 e F3.
A formação de um tornado está relacionada a ocorrência de nuvens
cumulonimbus, que cobriam toda a região Oeste catarinense no horário do
fenômeno. “É um tipo de nuvem formada pelo calor, tem formato de bigorna
ou cogumelo”, explica Rezende.
Devido as diferenças de temperatura, um movimento espiralado sai da
nuvem e somente pode ser chamado de tornado se tocar o solo, em uma área
que pode variar de 100 a 300 metros.
Diferenças entre tornado e furacão
Apesar de ambos formarem uma precipitação em formato espiralado,
tornado e furacão são eventos climáticos diferentes. “O tornado é
formado em um microescala, enquanto o furacão é de grande escala e
começa no mar”, explica Rezende.
“O furacão pode atingir áreas de um país. Em seu centro não há
movimentação e os ventos atingem suas bordas. Geralmente perde força ao
atingir a terra”, acrescenta Rezende.
A passagem de uma frente fria, sistema de chuva, por Santa
Catarina trouxe uma segunda-feira com chuva pelo Estado e alguns
temporais.
Podemos ver na imagem de satélite as regiões, em rosa, onde tivemos
nuvens com potencial para causar temporais com ventos fortes.
A cidade de Xanxerê, no Oeste, teve um desses temporais. Em
aproximadamente 5 minutos alguns bairros foram atingidos, muitas casas
destelhadas e infelizmente duas mortes. Na estação meteorológica do
INMET na cidade, os ventos chegaram a 84 km/h
No entanto, a estação não fica na região mais atingida pelo tornado que a foto do Fernando Zimmermam mostra tão claramente:
Tornado é bem o que a foto mostra, ou seja, um funil se forma entre a
base da nuvem e o solo. Esse vento é em rotação e dependendo da
intensidade do fenômeno pode trazer muitos estragos como ocorreu na
cidade e as fotos da Atual FM 103,5 mostram:
Para vocês terem ideia tornado tem uma área de atuação restrita e dura pouco tempo, bem como foi hoje em Xanxerê.
Temos uma escala de classificação de tornado que podem começar em 65 km/h e chegar a mais de 400 km/h:
Importante destacar que SC é uma região muito favorável a formação de
nuvens cumulunimbus, as de tornado. A primeira região no mundo mais
favorável a tornado é o interior dos EUA e depois a região entre Norte
da Argentina, Sul do Paraguai e oeste do RS, PR e SC. No Brasil outra
região propícia é o interior de SP!!!